ESG na logística do e-commerce: um novo passo para a Intelipost

No setor de logística do e-commerce no Brasil, também é necessário olhar para o tema com um olhar crítico. A logística ganhou muita importância durante a pandemia, e, consequentemente, mais atenção de todos os lados. A barra para as empresas do setor subiu e o mercado está, cada vez mais, exigindo que os líderes adotem políticas de ESG, já que existe um grande potencial para a logística ser melhorada.
Atualmente, no Brasil, grande parte da emissão de gases é feita por veículos e caminhões antigos, com baixa eficiência energética e altos níveis de poluição atmosférica. No campo social, muitas empresas de logística precisam trabalhar na inclusão social, pois atualmente não tomam ações concretas para alterar este quadro. E, por fim, a governança é provavelmente um dos maiores desafios para um setor que teve muita atividade informal ao longo das últimas décadas. É preciso reverter este panorama para transformarmos o nosso ecossistema em um ambiente mais sustentável e receptivo para a sociedade.
Como aplicar ESG na logística omnichannel?
Mas como implementar políticas e acompanhar resultados nos temas ESG? As empresas que atuam entre a logística e
o varejo omnichannel podem adotar desde pequenas mudanças no comportamento diário até grandes alterações no modelo de negócios.
Quanto às questões ambientais, a principal pauta é a otimização da cadeia logística, que ajuda a reduzir a emissão de gases poluentes liberados na atmosfera por meio do uso eficiente da frota. A simplificação da logística passa, por exemplo, pelo uso de soluções de roteirização que diminuem o tempo do caminhão na rua. Além disso, a frota requer maior atenção, observando a idade, manutenção e eficiência energética dos caminhões. Por último, a nova tendência de Pick-up and Drop-off Points (também chamados de PUDOs ou pontos de retirada e coleta) gera menor necessidade de locomoção de veículos, já que os vendedores consolidam suas mercadorias em um lugar, otimizando a logística da primeira e última milha.
Em relação ao aspecto social, as companhias atualmente buscam ampliar a diversidade nas empresas, não apenas em cargos operacionais, mas também na liderança, dando mais oportunidades de promoção a talentos de todas as origens e perfis. É igualmente importante direcionar as atenções para o bem-estar dos funcionários, o que inclui temas como conforto e segurança do ambiente de trabalho (seja no escritório, na operação ou em casa), benefícios, e mecanismos adequados de comunicação com a liderança da empresa. Temas como nível de satisfação dos funcionários (via levantamento de NPS) e acompanhamento de indicadores de turnover e absenteísmo devem fazer parte da rotina das lideranças de RH.
Além das preocupações habituais, a pandemia do COVID-19 trouxe às empresas novos desafios e, em especial, mais atenção com a segurança da operação e com o bem-estar dos funcionários. As empresas devem se solidarizar com os mais afetados pela crise, garantir o emprego de seus funcionários dentro das condições econômicas da companhia e formalizar direitos, dando sua contribuição ao enfrentamento desta situação que pode durar mais algum tempo. Algumas empresas inclusive adotaram modelos de negócio inovadores para criar novos tipos de empregos, como a implementação dos PUDOs em estabelecimentos comerciais, apoiando estes negócios a atraírem novos consumidores e manterem a economia girando.
É muito importante ainda criar mecanismos e direcionar a cultura para práticas ESG. Por isso, as métricas de governança são tão essenciais. As companhias devem se preocupar em combater a corrupção e priorizar a ética no desenvolvimento das atividades. É absolutamente necessário operar formalmente com aderência a todas as exigências governamentais e fiscais.
Tais pontos devem ser incentivados por todos os colaboradores, principalmente pela alta direção das empresas, devendo ser a base da cultura organizacional. Algumas ações que podem ser elaboradas neste sentido são, por exemplo, a criação de código de conduta e políticas anticorrupção, para orientar as atitudes dos stakeholders, com a implementação de canais de denúncia e comitê de ética para apurar eventuais ações repudiadas pelos valores da companhia, e o zelo pela integridade e exatidão dos registros contábeis e financeiros. Em paralelo, deve-se priorizar a segurança das informações pessoais dos colaboradores e clientes para evitar vazamento de dados, criando assim um ambiente seguro e transparente, de acordo com as leis aplicáveis e regras previstas no código de conduta. Tudo isso vai na direção de uma gestão cada vez mais profissional, com apoio de regras e definições claras, além de um conselho administrativo.
Apesar de ser um caminho longo e as mudanças serem impactantes para a cultura, é necessário nos adequarmos aos padrões exigidos pela sociedade, gerando mais transparência, accountability e responsabilidade frente ao meio ambiente, funcionários, investidores e comunidade. Temos o dever de nos enquadrarmos nos padrões e métricas sustentáveis estabelecidos na
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Nós, da Intelipost, estamos realizando mudanças internas para contribuirmos principalmente no atingimento dos seguintes Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS): Igualdade
de Gênero, Trabalho Decente e Crescimento Econômico, Indústria, Inovação e Infraestrutura e Ação Contra a Mudança Global do Clima.

Aqui na Intelipost, a pauta ESG vai ser um dos nossos focos para 2021. Adotaremos uma política de ESG, nomearemos um responsável pelo tema na nossa diretoria e reportaremos indicadores selecionados ao conselho de administração. Queremos também iniciar um diálogo com outros participantes da cadeia de logística para começarmos a endereçar temas como emissão de poluentes e bem-estar dos motoristas. Cabe a todos nós contribuir com o tema e a Intelipost fará a sua parte para termos um mundo melhor no futuro.
Stefan Rehm
CEO & co-fundador